Crise dos chips atinge níveis críticos e entra na “zona de perigo”

  • 20/05/2021
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Crise dos chips atinge níveis críticos e entra na “zona de perigo”

OLHAR DIGITAL - Por Igor Shimabukuro,Editado por André Lucena - 20/05/2021 14h38, atualizada em 20/05/2021 14h48

A crise dos chips, que tem afetado a indústria global dos mais diferentes setores, atingiu níveis críticos e entrou na “zona de perigo”. De acordo com uma pesquisa da Susquehanna Financial Group, o prazo entre o pedido e a entrega de um chip aumentou para 17 semanas em abril, o que configura a espera mais longa reportada desde que a empresa começou a rastrear os dados em 2017.

Segundo Chris Rolland, analista da Susquehanna, abril marcou o quarto mês consecutivo de alta no período entre as solicitações e entregas dos componentes por conta da crise dos chips.

Cerca de 70% das empresas analisadas pelo executivo aumentaram o prazo de entrega dos chips e apenas 20% das companhias conseguiram reduzir o período de fornecimento.

O prazo para o fornecimento de chips de gerenciamento de energia, por exemplo, aumentou para 23,7 semanas no mês de abril — quatro semanas a mais do que o período reportado em março.

indústria automotiva: a NXP Semiconductors NV, grande fornecedor de componentes do setor, tem prazos de entrega de mais de 22 semanas, comparados às 12 semanas no ano passado. A STMicroelectronics NV, por sua vez, aumentou a data limite para mais de 28 semanas.

Indústria automotiva é um dos setores mais afetados pela crise dos chips. Foto: Nataliya Hora/Shutterstock

Os impactos da crise dos chips são ainda maiores para as fabricantes de menor porte. A indústria de fones de ouvido tem enfrentado prazos de entrega superiores a 52 semanas, de acordo com fontes do setor. Isso tem “obrigado” as companhias a redesenharem alguns de seus produtos, mudarem as prioridades e, em alguns casos, abandonarem projetos.

Novo problema à vista

Não bastasse todo o impacto sofrido pela indústria por conta da crise dos chips, o aumento no prazo de fornecimento desses componentes pode levar a outro impasse: o de acúmulo de estoque.

A indústria de chips e seus clientes observam os prazos de fornecimento dos componentes como um indicador entre oferta e demanda. Se o período está mais prolongado, há uma tendência de que as empresas compradoras de semicondutores intensifiquem as compras para evitar a escassez de seus produtos nas prateleiras das lojas.

O problema é que a incerteza da crise dos chips, que teve forte influência dos impactos da pandemia de coronavírus e da guerra comercial entre Estados Unidos e China, coloca um grande ponto de interrogação se a procura dos consumidores vai acompanhar uma possível aceleração na fabricação dos produtos.

De nada adianta uma fabricante solicitar um pedido robusto de chips se a procura dos produtos cair. As mercadorias vão ficar “paradas” no estoque e a empresa corre o risco de falir.

“Essas tendências podem ter estimulado uma indústria de semicondutores a entrarem em estágios iniciais de envios acima da verdadeira demanda do cliente”, destacou Rolland.

Crise dos chips pode se agravar ainda mais

Quando perguntados sobre o possível fim da escassez de chips, os executivos respondem quase de forma unânime: somente no ano que vem. É isso que acreditam gigantes como AMD, Stellantis, entre tantas outras. Mas o prazo pode ser ainda mais longo.

Isso porque a cidade de Taiwan, na China, observou um ressurgimento de casos de coronavírus. A região abriga a Taiwan Semiconductor Manufacturing Co. (TSMC), a fabricante de chips mais avançada do mundo que tem Apple e Qualcomm como alguns de seus principais clientes.

Na quarta-feira passada (12), os Centros de Controle de Doenças de Taiwan aumentaram o nível de alerta em toda a localidade e, se medidas mais restritivas forem adotadas, a produção de componentes pela gigante pode ficar comprometida, fator que agravará ainda mais a crise global do setor.

Nos Estados Unidos, empresas pressionam para que o presidente americano Joe Biden libere os US$ 50 bilhões prometidos para enfrentar a crise dos chips. A União Europeia, por sua vez, quer aumentar sua capacidade de produção para 20%, mas isso demandará um investimento aproximado de US$ 24 a US$ 36 bilhões.

Fato é que, se investimentos e outras medidas de combate à crise dos chips não forem implementadas com rapidez, toda a cadeia (fornecedores, empresas e clientes) deverá observar um cenário ainda mais complicado.

Fonte: Bloomberg


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